A internacionalização de empresas brasileiras para os Estados Unidos deixou de ser um movimento restrito a grandes corporações.
Cada vez mais, pequenas e médias empresas têm buscado expandir suas operações para o mercado americano, seja para exportar produtos, prestar serviços ou diversificar ativos. Mas junto com as oportunidades surgem também os riscos: sem estrutura legal adequada, o sonho da expansão pode rapidamente se transformar em um problema tributário, societário ou sucessório.
Segundo dados do SelectUSA, programa do governo americano para atração de investimentos estrangeiros, o Brasil é hoje o oitavo maior investidor direto nos Estados Unidos. Em 2022, os investimentos brasileiros no país ultrapassaram a marca de US$ 37 bilhões. Isso inclui desde multinacionais consolidadas até empreendedores individuais que abriram LLCs (empresas de responsabilidade limitada) para atuar legalmente no território americano.
No entanto, especialistas alertam que muitos brasileiros cometem erros recorrentes ao tentar operar nos EUA sem a devida assessoria jurídica. Entre os equívocos mais comuns estão: abrir uma empresa em nome da pessoa física, não considerar o impacto do imposto sobre herança (que pode chegar a 40% para não residentes), ignorar tratados internacionais tributários ou realizar operações sem planejamento societário e patrimonial estruturado.
Para o advogado e consultor jurídico Neumoel Stina Junior, autor do livro “Guia de Ouro da Proteção Patrimonial” e especialista em estruturação empresarial entre Brasil e EUA, a expansão internacional começa com uma pergunta simples: “Com que objetivo você quer operar nos Estados Unidos?”. Segundo ele, “a resposta vai definir tudo: tipo de empresa, local de abertura, estrutura societária, planejamento tributário e, principalmente, o tipo de proteção jurídica necessária para aquele tipo de operação”.
Neumoel acompanha empresas brasileiras dos mais variados setores — agronegócio, tecnologia, indústria, serviços e importação/exportação — em sua jornada de internacionalização. Ele explica que, ao contrário do que muitos pensam, abrir uma empresa nos EUA é relativamente simples, mas operá-la de forma segura, eficiente e escalável exige conhecimento das leis locais, dos tratados com o Brasil e das diferenças culturais e regulatórias.
“Uma empresa mal estruturada pode comprometer o patrimônio pessoal do empreendedor, gerar passivos tributários nos dois países e criar dificuldades para expansão futura. Já uma estrutura bem desenhada permite crescimento com previsibilidade, segurança e proteção patrimonial”, ressalta.
Outro ponto relevante é o uso da internacionalização como estratégia de diversificação cambial, acesso a novos mercados, proteção contra instabilidades locais e valorização de marca. Com a correta assessoria, o processo de abertura pode durar menos de uma semana, desde que seja precedido por planejamento jurídico, fiscal e societário.
Com a intensificação do comércio global e a busca por segurança institucional, os Estados Unidos seguem como destino preferencial para empresas brasileiras em processo de expansão. Mas como em toda grande decisão, o diferencial está no detalhe: e no caso da internacionalização, o detalhe é jurídico.
