A transição para modelos produtivos mais sustentáveis tem provocado mudanças profundas no setor de petróleo e gás.
Cada vez mais pressionadas por investidores, marcos regulatórios e pela sociedade civil, as companhias do setor offshore têm acelerado a incorporação de critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) não apenas em suas estratégias, mas também nas rotinas operacionais de engenharia, manutenção e logística.
Segundo levantamento global da consultoria DNV, 73% das empresas de óleo e gás planejam aumentar os investimentos em iniciativas ESG nos próximos dois anos. No Brasil, um estudo da EY com executivos da indústria indicou que 82% das empresas do setor consideram o ESG uma prioridade para a sobrevivência e a competitividade nos próximos 5 anos.
A aplicação prática desses princípios ainda é um desafio no ambiente das plataformas offshore. Mas exemplos concretos vêm se multiplicando. Tecnologias como sensores de emissão de gases, reaproveitamento de materiais, auditorias ambientais digitais e estratégias de descomissionamento sustentável já fazem parte da rotina de grandes players no país.
Para Rafaela Ouverney, engenheira de produção com mais de uma década de experiência offshore e atuação em empresas como Schlumberger e Petrobras, a mudança real começa dentro da engenharia. “O ESG não pode ser um anexo técnico. Ele precisa fazer parte da tomada de decisão desde o início: na escolha de materiais, na forma como se planeja a logística, na liderança da equipe e até na cultura de segurança que se constrói no canteiro”, afirma.
Ainda segundo Rafaela, que também atuou com SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança) em operações offshore, as equipes técnicas que compreendem o impacto de suas decisões tendem a entregar resultados mais seguros, mais eficientes e menos onerosos no longo prazo. “A engenharia sempre lidou com riscos. Agora, o risco ambiental e reputacional também está na equação. Quem souber antecipar isso, sai na frente”.
A integração entre ESG e engenharia offshore não é apenas uma tendência. É uma nova competência técnica. E, segundo especialistas, ela será determinante para que o setor de petróleo e gás brasileiro continue competitivo em um mundo cada vez mais regulado e exigente.
