Obras de infraestrutura deixaram de ser apenas realizações de engenharia para se tornarem um dos principais eixos de poder político e econômico no Brasil. Com orçamentos bilionários e impacto direto na logística, no desenvolvimento regional e na imagem de gestões públicas, a infraestrutura passou a concentrar não apenas recursos, mas estratégias de influência.
Nos bastidores dessas decisões técnicas, um novo perfil tem ganhado força: profissionais com alto grau de especialização técnica e capacidade de articulação institucional. São engenheiros, gestores de obras e consultores que não apenas operam o canteiro, mas influenciam projetos, orçamentos e definições estratégicas a nível estadual e federal.
A escassez de continuidade nos projetos, somada à complexidade legal e à pressão por resultados rápidos, tem colocado em evidência profissionais que sabem traduzir a linguagem técnica para decisores públicos, agregando eficiência e reputação ao processo.
Um dos exemplos apontados por especialistas ouvidos pela redação é o de Andrezza Medeiros Teles, engenheira civil com mais de 20 anos de atuação em obras públicas, consultorias e gestão institucional em estados como Goiás e Tocantins. “Obra não é apenas execução. Quando você está no setor público, precisa entender que toda decisão técnica tem impacto político, orçamentário e social. Quem consegue fazer essa ponte com responsabilidade é quem passa a liderar de fato”, afirma.
O desafio da profissionalização na cadeia decisória da infraestrutura também passa por maior integração entre agências técnicas, órgãos de controle, setor privado e instâncias políticas. O país ainda carrega um histórico de soluções emergenciais, o que dificulta a formação de lideranças técnicas de longo prazo.
“Precisamos parar de pensar infraestrutura como vitrine de governo e começar a tratá-la como legado de Estado”, completa Andrezza.
Com a nova geração de profissionais técnicos assumindo posições de escuta e orientação junto a gabinetes e secretarias, o Brasil começa a redesenhar quem realmente comanda as engrenagens de seus grandes projetos. E nesse xadrez, a autoridade técnica deixou de ser bastidor: tornou-se protagonista.

