A instabilidade política tem atingido proporções alarmantes no mundo.

Desafiando democracias e economias de maneira significativa. Em 2024, mais de 70 países realizaram eleições nacionais, envolvendo aproximadamente metade da população mundial e representando 55% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Apesar do alto volume de processos eleitorais, a crescente polarização política e a ascensão de movimentos populistas criaram um ambiente de incerteza e volatilidade, dificultando a governabilidade e a implementação de políticas públicas eficazes.

A América Latina emerge como uma das regiões mais afetadas pelos desafios políticos contemporâneos. A combinação de desigualdade social persistente, os impactos econômicos prolongados da pandemia de COVID-19 e os reflexos da guerra na Ucrânia têm intensificado as crises institucionais em diversos países. Na Argentina, a instabilidade econômica e a alta inflação têm exacerbado a insatisfação popular, levando a frequentes protestos e mudanças governamentais. No Peru, a sucessão rápida de presidentes e a corrupção endêmica minam a confiança nas instituições democráticas. Já na Venezuela, a crise humanitária e a deterioração das instituições estatais continuam a gerar uma fuga massiva de refugiados e a deterioração das condições de vida.

No Brasil, os desafios são multifacetados. As disputas partidárias intensas, aliadas às incertezas fiscais, agravam a desconfiança nos mercados financeiros e afetam diretamente a vida das famílias brasileiras. A inflação elevada e os juros altos pressionam o consumo e os investimentos, restringindo o crescimento econômico e aumentando a desigualdade social. Além disso, a instabilidade política contribui para um ambiente de negócios incerto, desencorajando investimentos de longo prazo e prejudicando a recuperação econômica pós-pandemia.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta para um período prolongado de baixo crescimento econômico, impulsionado por crises globais interligadas. A inflação persistente, os juros elevados e as tensões geopolíticas, especialmente relacionadas à guerra na Ucrânia e às disputas comerciais entre grandes potências, contribuem para um cenário econômico desafiador. As economias emergentes, em particular, enfrentam o risco de ciclos de endividamento e estagnação, dificultando a recuperação e a implementação de reformas estruturais necessárias para o desenvolvimento sustentável.

No Brasil, as consequências dessa conjuntura já são perceptíveis. A inflação e os juros elevados estão pressionando o consumo das famílias e restringindo os investimentos empresariais. A confiança dos consumidores e dos investidores está abalada, o que dificulta a retomada do crescimento econômico e a criação de empregos de qualidade.

A polarização política em países como os Estados Unidos e os conflitos internos na União Europeia exemplificam a dualidade que domina o cenário global. Nos Estados Unidos, a crescente divisão entre diferentes grupos políticos e a disseminação de desinformação têm enfraquecido o tecido social e dificultado a governabilidade. Na União Europeia, as tensões entre os Estados-membros, exacerbadas por questões como imigração, políticas econômicas divergentes e a resposta à crise ucraniana, refletem uma fragmentação crescente que compromete a coesão e a eficácia das políticas comunitárias.

Movimentos populistas em diversas partes do mundo se fortalecem em meio à insatisfação popular, explorando o descontentamento com as elites políticas e econômicas. Essa tendência ameaça as instituições democráticas, promovendo discursos de divisão e dificultando a construção de consensos necessários para enfrentar desafios complexos, como as mudanças climáticas e a segurança alimentar.

Para superar a atual instabilidade, é essencial adotar uma abordagem multifacetada que fortaleça as instituições democráticas e promova políticas públicas inclusivas. A prioridade deve ser a redução das desigualdades sociais e econômicas, garantindo que o crescimento seja sustentável e amplamente distribuído. Além disso, é fundamental promover o diálogo e a cooperação entre nações, superando a fragmentação geopolítica que atualmente prevalece.

Organismos internacionais, como a ONU e o G20, devem assumir um papel de liderança na coordenação de esforços para enfrentar questões transnacionais. Isso inclui a implementação de medidas eficazes para mitigar as mudanças climáticas, garantir a segurança alimentar e promover a estabilidade econômica global. A cooperação internacional é crucial para enfrentar desafios que transcendem as fronteiras nacionais e exigem soluções coletivas.

O compromisso de líderes e cidadãos é igualmente vital para reconstruir a confiança nas democracias e alcançar um desenvolvimento sustentável. A participação ativa da sociedade civil, o fortalecimento do estado de direito e a promoção de uma cultura de diálogo e respeito mútuo são pilares fundamentais para consolidar a estabilidade política e econômica no cenário global.

A instabilidade política global representa um desafio sem precedentes para as democracias e economias mundiais. No entanto, com esforços coordenados para fortalecer as instituições, promover a inclusão social e fomentar a cooperação internacional, é possível mitigar os impactos negativos e construir um futuro mais estável e próspero. O engajamento contínuo de líderes e cidadãos será crucial para navegar por esse período turbulento e garantir a resiliência das sociedades frente às adversidades emergentes

Ricardo Fernandes é Bacharel em direito, Jornalista, Escritor e Estudante de Teologia.e Diretor do Portal Diário Tocantinense 

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