No Brasil, quem estudou no exterior, seja graduação, mestrado ou doutorado, ainda precisa encarar um verdadeiro percurso de obstáculos para validar o diploma. O processo é carregado de burocracia, exigências antigas e um sistema mais focado em papelada do que no valor real do conhecimento que a pessoa adquiriu lá fora. Enquanto o mundo evolui e o saber cruza fronteiras com facilidade, por aqui ainda estamos presos a carimbos e tabelas desatualizadas.
Mas esse cenário está começando a mudar. Um novo critério vem ganhando espaço: a exigência de que o candidato publique um artigo, seja científico ou de opinião, como parte do processo de revalidação. Muita gente vê isso como uma barreira, mas, na verdade, é o contrário: é um jeito mais justo e inteligente de medir se o profissional realmente está pronto para atuar no Brasil.
Publicar não é só escrever bonito. É mostrar que entende o país, que sabe como funcionam nossas leis, nossa realidade e os desafios que enfrentamos. Quando uma universidade pede um artigo sobre o sistema jurídico ou a saúde pública brasileira, por exemplo, ela está pedindo mais do que um simples texto, está pedindo uma prova de que aquele conhecimento de fora pode, de fato, ser útil aqui.
Isso ajuda a separar quem só decorou conteúdo de quem realmente se preparou para atuar com responsabilidade e consciência no Brasil. E o melhor: dá oportunidade para todo mundo mostrar o que sabe, não importa de onde veio o diploma. O foco deixa de ser a fama da universidade estrangeira e passa a ser o que a pessoa consegue produzir, já dentro da nossa realidade.
Os tribunais brasileiros também já reconhecem esse caminho. O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e outros Tribunais Federais afirmam que as universidades públicas têm o direito de definir seus próprios critérios, desde que sigam princípios como isonomia, transparência e bom senso. E a publicação está dentro disso.
Mais do que uma exigência, escrever e publicar é abrir portas. Serve para quem quer continuar estudando, dar aula, prestar concursos ou fazer parte de redes de pesquisa. É um jeito de se inserir de verdade na vida acadêmica e profissional do país.
A verdade é que, num país onde os próprios profissionais formados aqui passam por provas como a OAB ou o Revalida, não faz sentido liberar diplomas de fora sem nenhum filtro. Em áreas como Medicina, Direito e Psicologia, isso pode colocar vidas e direitos em risco. Avaliar é proteger a sociedade.
Por isso, pedir que o candidato publique não é exagero, nem elitismo. É cuidado. É mostrar que ele entende nosso país e quer, de fato, fazer parte dele. Quem escreve sobre o Brasil, mostra que está comprometido com a nossa gente e com os nossos desafios.
No fim das contas, publicar virou o novo ouro na revalidação de diplomas. É a moeda que mostra o valor real do profissional. Não basta ter o diploma é preciso mostrar conhecimento, compromisso e vontade de contribuir.
Vamos entender mais sobre o assunto através de nosso PODCAST


Author: Jacqueline Costa Rodrigues
Professora de Metodologia Científica por competência desde 2004, Pós-graduada em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Damásio de Jesus. Formação complementar em Redação pela Universidade de São Paulo (USP/SP). Perita imobiliária formada pelo CRECI/SP. Mestranda no curso Master en Docencia Universitaria, pela Fundação Universitária Iberoamericana. Atua como assessora acadêmica especializada na orientação de mestrandos e doutorandos da área jurídica, além de exercer a função de assistente jurídica no escritório Daniel Rodrigues Advocacia, na cidade de Pirassununga–SP. É autora de mais de 200 artigos acadêmicos e de opinião. @monografia_juridica