Trusts, fundações e holdings: as diferenças e aplicações legais para brasileiros com ativos no exterior

Com o aumento do número de brasileiros com patrimônio no exterior, também cresce a demanda por informação clara sobre como estruturar esses ativos de maneira segura, eficiente e juridicamente sustentável. Entre as opções mais discutidas estão os trusts, as fundações privadas e as holdings familiares. Embora muitas vezes tratadas como sinônimos, essas estruturas possuem propósitos, regimes legais e efeitos práticos bastante distintos.

Holding familiar

É a estrutura mais comum no Brasil. Trata-se de uma pessoa jurídica criada com o objetivo de administrar o patrimônio de uma ou mais pessoas físicas. A holding pode deter bens imobiliários, participações societárias, investimentos e outros ativos. Seus principais objetivos são:

• Planejamento sucessório com economia fiscal

• Proteção patrimonial contra riscos civis e trabalhistas

• Centralização da gestão de ativos

No Brasil, é regulamentada pela legislação societária (Lei das S.A. e do Código Civil) e não exige estrutura complexa, o que torna seu uso comum por famílias com médio ou alto patrimônio.

Fundação privada

Mais comum em países da Europa e América Latina (como o Panamá), a fundação privada é uma entidade autônoma criada para um fim específico: preservar, administrar e distribuir patrimônio conforme as diretrizes do instituidor. Ela possui personalidade jurídica própria, e não pertence nem à família nem ao instituidor.

É utilizada para:

• Manter controle sobre a destinação de ativos

• Proteger patrimônio em jurisdições favoráveis

• Evitar conflitos sucessórios

A fundação não visa lucro e possui estrutura regulada por leis do país onde está sediada. Pode ser usada em planejamento tributário e herança internacional.

Trust

Estrutura jurídica típica de países de common law, como os Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. No trust, o instituidor transfere os ativos a um trustee (administrador), que os gerencia conforme as instruções previstas em contrato, beneficiando terceiros (beneficiários).

Apesar de não ter regulamentação direta no Brasil, o trust é reconhecido para fins de declaração fiscal e tem sido usado por brasileiros que possuem bens ou operações em países anglo-saxônicos.

Usos comuns:

• Planejamento sucessório internacional

• Proteção de herança contra riscos externos

• Confidencialidade patrimonial

Orientação especializada

O advogado Neumoel Stina Junior, especialista em estruturação patrimonial e internacionalização de ativos, alerta que a escolha da estrutura não deve ser baseada em modismos ou soluções automáticas. “Cada caso exige um estudo minucioso do perfil da família, do tipo de ativo, da localização dos bens e dos objetivos do instituidor. Estruturar mal pode custar caro, gerar problemas fiscais e anular o efeito jurídico desejado”, afirma.

Neumoel é autor do livro “Guia de Ouro da Proteção Patrimonial” e atua com clientes no Brasil e nos Estados Unidos, desenhando soluções que equilibram segurança jurídica, eficiência tributária e viabilidade prática.

Neumoel Stina Junior

Em um mundo globalizado, estruturar não é apenas organizar: é blindar, planejar e perpetuar o patrimônio. E conhecer as diferenças entre essas ferramentas é o primeiro passo para fazer isso com inteligência jurídica.

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